sábado, julho 01, 2006

Eu penso, eu sou, eu existo, ou algo muito parecido com isso aí.

A gente não está mais na escola, né.
Essa coisa toda de faculdade, curso, estágio, trabalho, cara, é um negócio todo novo, todo empolgante, mas vem carregado de responsabilidade e sensatez.
Chamam isso de crescimento, por aí. Uma vez eu ouvi a frase da minha mãe, e foi a única vez que eu ouvi, e ela disse "crescer dói, mas é inevitável". Até hoje não sei porque ela disse isso só uma vez, mas ela tem essa mania mesmo.
Quando eu disse que eu ouvi essa frase uma única vez, eu me referi a ouví-la da boca da senhora dona Isabel, minha mãe. Já ouvi essa frase mil vezes com outras palavras, outros contextos.
É fato, crescer, ganhar responsabilidades, se tornar independente, ter que lutar por suas vontades sozinho, muitas vezes sem nem uma palavra de encorajamento, não é fácil, mas também não é um martírio, ou algo que não consigamos dar conta.
Afinal, se não conseguíssimos, o sr Darwin já nos provou por A mais B que a seleção natural resolve esses problemas. No final acaba se resumindo em questões de pontos de vista.
Dias atrás estava conversando com um amigo que tinha acabado de terminar o terceiro colegial e estava bastante chateado com o fato de ter que mudar de cidade, pra estudar, e tal. Aí eu comecei a perguntar do que mais ele sentiria saudade, e ele foi categórico: "das coisas que a minha mãe faz pra mim".
Com o desenrolar da conversa, ele foi me contando que estava ainda indeciso quanto a realmente ir pra uma cidadezinha xís no interior de outro estado, porque teria que resolver coisas demais sozinho. É estranho, sabe, porque ele não ia sentir falta da namorada, ou da presença familiar, ou dos amigos, mas sim do ócio que ele podia viver, da ausência de batalhas.
Por essas e outras eu me pergunto, até hoje, o que motiva um ser humano. De fato existem muitas motivações, e todas dependem dos malditos pontos de vista. De verdade, gente, pode-se rodar, rodar, rodar e sempre vamos chegar nos pontos de vista.
Partindo disso, eu tentei chegar na origem dos pontos de vista. Pressupondo que a sua formação cultural começa na sua família, através da sua educação nesse ambiente, e passa para a escola, e então as duas educações se combinam e fundam a pessoa, certo? Sim, isso é a formação de UMA pessoa para a suposta vida adulta, ou o que quer que chamem isso.
O problema é que isso é uma análise individual, os nossos pais, avós, bisavós e seja lá quem mais também tiveram educações e tudo o mais, só que em gerações completamente diferentes, então, o que explica?
Daí eu parti para a cultura. Argumento batido esse, né? "é culpa da cultura desse país". Porra, a gente ouve essa frase pelo menos uma vez por semana. Quer dizer, eu ouço, no mínimo, uma vez por semana. As vezes ela sai da minha boca e eu nem percebi o quão genérico foi aquilo. Como eu considero a cultura uma coisa cíclica, porque é evidente que os meus hábitos e os da minha tatatatatataravó não são os mesmos, eu apelei para a tradição. Por convenção, admitamos que tradição seja um conjunto de valores que sobrevive à mudança de geração. A maioria deles cai com a geração seguinte, visto que os jovens sempre estão tentando agir de maneira diferente a dos pais, mas alguns, alguns sempre ficam.
Tem uma música que a Elis canta, chamada "como nossos pais" que fala disso, e é justamente o que eu quero dizer, que apesar de tentarmos revolucionar o mundo nos nossos quinze anos, conforme o tempo passa a gente vai vendo que as coisas não são como nos filmes e que a vida exige mais do que um pouco de ímpeto e hormônios em polvorosa.
No fim, fazemos tudo igual a eles, ou extremamente parecido. Se ouvimos o que eles têm a dizer, fazemos geralmente parecido e melhorado. Tá, tem muita gente que faz bastante merda, mas vamos olhar a parte boa. Então, voltando, a tradição determina a cultura, que determina a educação, que determina o indivíduo?
Acho que Skinner ficaria alegríssimo com essa conclusão, mas não. Sinto muito, eu não sou Behaviorista e eu teimo em acreditar no que Freud, Jung e uma porrada de gente falou, a famosa subjetividade.
Olha só, nós vamos cair aonde de novo? No ponto de vista. Você, mesmo que com a melhor educação do mundo, e pais completamente presentes, e todas as boas variáveis para
montar um ponto de vista XÍS, pode, simplesmente, pensar da maneira ÍPSILON. Porque? Ah, pra essa aí eu tenho mais quatro anos pela frente... Mesmo porque, eu já me perdi do que está no começo do texto...